segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

fotos, algumas! facebook gente, aí ha muita fotinha!
















brasil


os êxtases de santa teresa


o regresso a buenos aires fez-me chorar...de saudade, de beleza, de amizade, de amor, de tudo...obrigada, muito obrigada, a tua presença tornou-se imprescindível para mim henrique e a de vocês todos.
o dia do meu regresso foi muito forte para mim, voltar cá, tudo o mesmo se bem que tudo diferente, com outros olhos, reenergizada, com injecções de amor no corpo e tudo fica mais lindo e mais saudoso. saudade quer dizer que um dia estivemos juntos. esse sentimento tão luso e tão humano, tão cargado da tristeza bela que faz o ser humano aquilo que o torna ser humano - a paixão do quotidiano, a beleza do simples, a pureza de um olhar lânguido e a emoção de uma lágrima quando corre sobre a pele. tudo é paixão, vida, mesmo na morte. obrigada gente


bandeira branca:

Ai se eu fosse um país do tamanho do Amazonas correndo sobre trás-os-montes: sou um fado tropical, chico e zeca, forró, marchinha, pimba e amália. Canto sangues, canto o mestiço. Vivo a diferença e a irmandade. Ilusiono-me na saudade prometida do amor que se deixa, romanceio na terra nova-estranha-familiar, entro em delírios e escapadas amorosas, permito-me viver o sonho da nostalgia de casa substituta enquanto veraneio em ruas que se parecem ao meu porto perdido, longe. A calçada lembra-me o passado, a gente traz-me o futuro para perto de mim.
Ergo bandeiras novas, encho-me das cores que me fazem, posso voltar a ser o que era: o regresso à nova casa ou a volta a casa de um parente.
Tomo sucos, açai, caju, mamão, acerola. Bebo vida, como feijão, sou farofa e buarque. Deixo-me entrar, penetrar, sinto o sol e pegam-me 50 graus. Respiro o calor, inspiro o bafo, olho, observo, dialogo, comunico. Busco a diferença e a união, busco as diferenças na união, conjugo tudo no amor, conjugo os sexos, conjugo as vidas, faço declinações, geram-se complementos circunstanciais - vários, de diferentes cores, feitios, idades, passados.
Sou guaraná e banana, goiaba e como as sementes; a casca; tudo que a terra me dá. Sou paçoquinha e pastel de nata, coxinha de frango e catupiry, bolinho de bacalhau, feijão preto e feijão branco, tropeiro e tripas, negro e branco, sou mulato, sou índio esquecido, sou passado e presente, angústia, violência e paixão. Sou Brasil e Portugal, sou e faço história(s).


lição luso-tropical para portugal:

Ah se meu país pudesse ver o que o Rio me dá. Se meu país pudesse olhar bem o rio e esquecer um pouco minas. Se a igreja deixasse seus estigmas, se os dogmas se transformassem, se as vidas se exaltassem, se o céu se liberasse...como se encheria meu país de tropicalismo carioca. Porém sem esquecer sua simplicidade mineira; porque não ser o simples liberal? porque não ser o tradicional liberto? ou então liberar o tradicionalismo de sua culpa católica, disfrutar o ventre da mãe terra enquanto que o sangue se exalta livremente. Ah se meu país conciliasse o carioca e o mineiro, então aí seríamos interior do estado, ah se meu país fosse rio divisa com minas...

gente!!!!! faz tempo!! aqui vão as últimas actualizações..!

halo halo minha gente!!! então, desde outubro muito se passou.... primeiro os meus pais estiveram cá em buenos aires de visita, foi óptimo, passeamos por buenos aires, conhecemos os seus cantos, conheceram a minha casinha e a minha gente de cá, comemos MUITA carne, muito assado, fomos 3 dias a calafate e vimos os glaciares!!!!!!! espectaculo lindoooooo....ja posso dizer q fui aos 2 pontos mais famosos da argentina, cataratas bem no norte do país e os glaciares bem no sul, no fim do mundo, onde, diga.se de passagem, faz um frio de rachar!! é uma terra linda e desolada a patagónia..tem um ar especial
se bem que as cataratas me emocionaram ainda mais mas são duas paisagens muito diferentes e muito emocionantes de se ver

assim que os meus papis se foram embora...cuja despedida me custou muito...foi como estar de volta em casa, ter aquela sensação familiar outra vez, a cumplicidade, a briga, o conflito e o amor...família..é sempre aquela raíz, fria, dura e quente, amorosa ao mesmo tempo...bom, tudo vem de muito amor não é?:) foi bonito

bem, assim que meus papis se foram embora a minha vida, que começava a dar um giro interna e externamente, arranjei um trabalho (finalmente!!) numa discoteca de reggaeton, eheh. se bem que antes já tinha começado a trabalhar como modelo vivo para pintores e workshops de desenho; esse trabalho como modelo vivo é de facto muito interessante e bem artístico, exige uma consciência do corpo bem bonita e é lindo poder transmitir algo com o corpo que depois alguém vai desenhar ou pintar e ver a própria pessoa no papel, na aquarela ou seja o que for é emocionante..
o trabalho na discoteca é optimo tambem, o pessoal com quem eu trabalho e muito boa onda mesmo, os meus chefes são uns porreiraços e foi divertido trabalhar lá, apesar das muitas horas (ficava até às 7h 8h da manhã...discoteca!)...foi bom, uso o verbo no passado porque entretanto estive de férias no brasil, regressei ontem! (já falarei sobre isso) bom, assim que me pude estabilizar um pouco mais a minha situação económica.. para além do trabalho, fui faendo amizades novas também, desenvolvendo outras, cortando com algumas, deixando um pouco a demasiada boémia mas continuando a disfrutar dos meus espaços tangueros do bairro de almagro e dos meus compinchas da vizinhança, vi muito mais teatro, continuando as minhas aulas que terminaram com a auto avaliação - que foi deveras muito forte para mim, uma vez que esta escola é a razão pela qual eu decidi realmente ficar por cá - assim que o meu final de ano foi-se transformando aos poucos e eu também, chegando a uma maior consciência de muita coisa que me aconteceu este ano...igualmente fui melhorando a minha relação de amor - ódio com buenos aires, tentando ser um pouco mais optimista em relação a esta cidade que chega a ser sufocante... é a falta de gente na rua enchendo um piolho de alegria e música, falta o mar e a energia salina e que o sol percorra a calçada num céu aberto.... mas como qualquer lugar tudo tem as suas diferenças e similitudes tornando esse lugar particular, próprio e por aqui existe o vinho nas mesas, a desgraça bonita-triste das ruas, o buliço da gente e a cumplicidade desprevenida dos cafés...

ah! também participei num documentário/programa de viagens alternativo para a tv portuguesa! se bem que era um projecto piloto, ainda nao tive noticias disso, mas eu e outros tugas que por cá andam a viver fizemos notas para esse projecto..a minha foi sobre o tango, ahah, mostrando o tango de raíz e os contrastes desta cidade, a ver quando passa aí na tv! foi uma experiência muito interessante, eheh:)

mesmo antes do natal partia de viagem para o brasil onde passei natal, ano novo, mês de janeiro e a folia do carnaval, regressei ontem... não era suposto ter ficado tanto tempo na verdade mas apaixonei-me de morte e não conseguia ir embora tão cedo...para além disso pude visitar e estar com muitos amigos meus brasileiros que aí me receberam com toda a amizade e carinho..:)
antes de falar do brasil passo aqui uns pedaços d um texto que escrevi no dia da minha viagem para o brasil, tendo em conta que era esse o meu estado nesse momento também, ainda preso a buenos aires embora sentisse uma ansiedade estranha de que ia retornar a casa de alguma forma.

Quero beber o vinho do teu tango,
a sede da tua mirada perdida de ginebra.
Tomar o sangue da tua pele,
sentir o suor do teu cheiro mais uma vez.
Poder alcançar o mundo que me apresentas,
poder entrar nas mesmas notas dessas cordas tão distintas.
Sentir o sal das tuas lágrimas nas minhas pestanas.
Sentir a rosa dos teus lábios murmurarem frases de amor;
pronuncia ilusões, declama-as dessa forma tua - sussurra-as.
Quero ver-te chorar.
Quero essa emoção perto de mim.
Sentir essa alma suspirar...

Com uma guitarra escondida na palma da mão,
vibrante na ponta dos dedos;
Quero compartir os mundos contigo e conjugar as loucuras.
Olhá-las em diálogo, em conexão, juntá-las num beijo,
uni-las num coito e separá-las num abraço.

- este pedaço de texto de uma certa forma até pode retratar a relação que tenho e simultaneamente a que aspiro com buenos aires..